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The Media Silenced My Ancestors. I’m Making Sure Our Story Is Heard

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Bitaté uru-eu-wau-wau is an activist and is featured in the documentary The Territory

The story of my people and our struggle to preserve our land and way of life is centuries old. Today, my Indigenous community is under threat again. Invaders with weapons are encroaching on our protected land. Our government looks the other way, sometimes emboldening land-grabbers.

Indigenous people like me have often relied on outsiders to tell our stories to the world. Western journalists and documentarians sweep into our communities, peer in from the outside, filter and report what they see and leave. The world eventually forgets about us.

My community is trying to change that age-old tradition. Technology now allows us to tell our own story without outside intervention, so we can finally practice narrative autonomy.

I’m the leader of the Uru-eu-wau-wau, a community of fewer than 200 people in the state of Rondônia in Brazil. Our territory, which is protected under Brazilian law, stretches across 7,000 square miles of the Amazon Rainforest.

Since my people first came into contact with the Brazilian government more than 40 years ago, we’ve faced escalating attacks from farmers, land-grabbers and loggers who want to claim our land as their own. They’ve burned vegetation, cut down trees and cleared trails. They’ve threatened and killed us, whether directly with weapons or indirectly, by introducing deadly diseases into our community.

The problem has gotten worse in recent years. The recently ousted government’s anti-Indigenous and anti-environmental rhetoric inspired an increase in land-grabbing and deforestation. In the first half of this year, more than 1,500 square miles of rainforest were destroyed ― more than in any other six-month period since record-keeping began.

I grew up listening to my elders recount stories of first contact with the government and incursions on our land. They had only their words to alert people to the injustices they faced and help them defend their territory. Few listened or believed them since they had no concrete evidence to validate their story.

As more invaders come onto our land, we find ourselves fighting the same fight our elders did decades before us. There’s just one difference. Today, we have a way of documenting and telling our own story.

My people have learned to use technology like cameras and drones. These weapons of the imagination have the potential to be far more powerful than the guns and fire that have been used against us. We have captured hours of video documenting both the beauty of our rainforest and the destruction of invaders coming onto our land.

Cinematographer Tangãi Uru-eu-wau-wa.Courtey National Geographic

Every time we send a drone into the air, I am disheartened by the images it returns: yellow, barren splotches of land dotting our lush green territory. Each time we take a video of a freshly cut tree or charred forest clearing, I ache for the rainforest that is home to my people.

Yet I am energized by the knowledge that this technology enables us to relay our story to the rest of the world on our terms. It provides a novel way to express ourselves and preserve our culture ― one our ancestors didn’t have decades ago.

People are watching and listening. Our work is at the heart of The Territory, a documentary film we co-produced with western filmmakers Alex Pritz, Will Miller and Darren Aronofsky alongside Brazilian Gabriel Uchida. Our efforts show that, with the right tools, it’s both possible and necessary for affected communities to lead the telling of their own stories.

In our case, empowered storytelling could help save the human race. The Amazon is the heart of the world. It provides one-fifth of the Earth’s fresh water. Rains currently showering crops in the United States have their origins in the Amazon. Our trees breathe in and absorb massive amounts of carbon dioxide, reducing the impact of greenhouse gasses on our warming planet.

Each tree cut down, each swath of territory burned transforms another piece of the Amazon into a barren land, where water dries up more quickly and climate-changing carbon disperses into the atmosphere. My people have a deeper understanding of these impacts than any outsider ever could. The Amazon sustains us. Our ancestors, history, culture, traditions and wealth are intertwined in the vines, on the trees and in the roots that snake through the soil on the ground. When we tell our story, we are also telling the story of the rainforest and the consequences of letting it disappear.

There are other important stories of habitats destroyed, marginalized peoples and communities exploited that deserve to be heard. Giving affected peoples the power to tell their own stories will go a long way toward creating change throughout the world.


A mídia silenciou meus ancestrais. Estou me certificando de que nossa história seja ouvida.

A história do meu povo e a luta para preservar nossa terra e modo de vida tem séculos. Hoje, minha comunidade indígena está novamente ameaçada. Invasores armados estão invadindo nosso território protegido. O governo faz vista grossa – e às vezes até encoraja os grileiros.

Indígenas como eu sempre confiaram em pessoas de fora para contar nossas histórias ao mundo. Jornalistas e documentaristas invadem nossas comunidades, espiam de fora, filtram e relatam o que veem e vão embora. O mundo eventualmente se esquece de nós.

Minha comunidade está tentando mudar essa tradição milenar. A tecnologia agora nos permite contar nossa história sem intervenção externa, para que possamos finalmente praticar a autonomia narrativa.

Sou líder dos Uru-eu-wau-wau, uma comunidade de menos de 200 pessoas no estado de Rondônia, no Brasil. Nosso território, que é protegido pela lei brasileira, se estende por mais de 18.000 quilômetros quadrados de Floresta Amazônica.

Desde que meu povo entrou em contato com o governo brasileiro há mais de 40 anos, temos enfrentado ataques crescentes de fazendeiros, grileiros, garimpeiros e madeireiros que querem reivindicar nossa terra como sua. Eles queimaram a mata, cortaram árvores e abriram trilhas. Eles nos ameaçaram e nos mataram – seja diretamente, com armas, ou indiretamente, ao introduzir doenças mortais em nossa comunidade.

O problema se agravou nos últimos anos. A retórica anti-indígena e anti-ambiental do último governo inspirou um aumento na grilagem de terras e no desmatamento. No primeiro semestre deste ano, mais de 3.000 quilômetros quadrados de floresta tropical foram destruídos – mais do que em qualquer outro período de seis meses desde o início dos registros.

Cresci ouvindo os mais antigos contarem histórias de primeiros contatos com o governo e incursões em nossas terras. Eles tinham apenas suas palavras para alertar as pessoas sobre as injustiças que enfrentavam e ajudá-las a defender seu território. Poucos os ouviram ou acreditaram, pois não tinham evidências concretas para validar sua história.

À medida que mais invasores entram em nossa terra, nos encontramos lutando a mesma luta que nossos anciãos travaram décadas antes de nós. Há apenas uma diferença. Hoje, temos uma forma de documentar e contar nossa própria história.

Meu povo aprendeu a usar tecnologia como câmeras e drones. Essas armas de imagens têm o potencial de serem muito mais poderosas do que as armas e o fogo que foram usados ​​contra nós. Capturamos horas de vídeo documentando a beleza de nossa floresta tropical e a destruição dos invasores que violentam nossa terra.

Cada vez que lanço um drone no ar, fico desanimado com as imagens que ele retorna de manchas amarelas e áridas de terra que vejo pontilhando nosso território verdejante. Cada vez que gravamos um vídeo de uma árvore recém-cortada ou de uma clareira carbonizada na floresta, sinto saudades da floresta tropical que é o lar do meu povo.

No entanto, estou energizado pelo conhecimento de que esta tecnologia está nos permitindo transmitir nossa história para o resto do mundo em nossos termos. Ele nos fornece uma nova maneira de nos expressar e preservar nossa cultura – uma que nossos ancestrais não tinham décadas atrás.

As pessoas estão assistindo e ouvindo. Nosso trabalho está no cerne de “O Território”, um documentário que co-produzimos com os cineastas Alex Pritz, Will Miller e Darren Aronofsky ao lado do brasileiro Gabriel Uchida. Nossos esforços mostram que, com as ferramentas certas, é possível e necessário que as comunidades afetadas liderem a narrativa de suas próprias histórias.

No nosso caso, a narrativa empoderada pode ajudar a salvar a raça humana. A Amazônia é o coração do mundo. Ele fornece um quinto da água doce da Terra. As chuvas que atualmente atingem as plantações nos Estados Unidos têm origem na Amazônia. Nossas árvores respiram e absorvem enormes quantidades de dióxido de carbono, reduzindo o impacto dos gases de efeito estufa em nosso planeta em aquecimento.

Cada árvore derrubada, cada faixa de território queimada transforma mais um pedaço da Amazônia em terra estéril, onde a água seca mais rapidamente e o carbono que altera o clima se dispersa na atmosfera. Meu povo tem uma compreensão mais profunda desses impactos do que qualquer pessoa de fora jamais poderia. A Amazônia nos sustenta. Os nossos antepassados, história, cultura, tradições e riquezas entrelaçam-se nas vinhas nas árvores e nas raízes que serpenteiam pela terra no chão. Quando contamos nossa história, também contamos a história da floresta tropical e as consequências de deixá-la desaparecer.

Há outras histórias importantes de habitats destruídos, de povos marginalizados e de comunidades exploradas que merecem ser ouvidas. Dar às pessoas afetadas o poder de contá-las pode ajudar muito a criar mudanças em todo o mundo.

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